O médico Gregório Lorenzo Acácio, da Unitau (Universidade de Taubaté), participou de um procedimento inédito no mundo para corrigir uma má-formação congênita em um feto de 33 semanas, ainda dentro do útero da mãe, permitindo que a gestação continue normalmente.
A mãe da criança, de 26 anos, é natural de São José dos Campos. Ela apresentou boa recuperação e deve permanecer em observação até receber alta.
O procedimento foi feito no HCM (Hospital da Criança e Maternidade), de São José do Rio Preto, na última segunda-feira. O feto possuía gastrosquise, uma abertura nos músculos e na pele da parede abdominal que permite que o intestino fique para fora do abdômen. Até então, a medicina só havia operado pacientes com este mesmo quadro logo após o nascimento.
De acordo com os médicos, a vantagem é o fato de o bebê nascer sadio, o que permite mamar imediatamente no seio da mãe e ter alta hospitalar em dois ou três dias.
Já o bebê que se submete à cirurgia de correção da gastrosquise após o nascimento tem as alças intestinais muito inflamadas, o que o impede de mamar e precisa permanecer, em média, 30 dias internado, recebendo nutrição parenteral.
“É um sentimento maravilhoso, de se sentir útil ajudando de alguma forma em uma mudança de paradigma. A gente conseguindo fazer com que uma criança nasça e fique recebendo alimentação da mãe, ao invés de ficar 60 dias internado, muda demais o futuro”, disse o médico Gregório.
“Poder pegar seu filho no colo no momento que ele nasce, poder amamentá-lo é extremamente importante, precioso para a mãe”, disse a cirurgiã Denise Lapa, coordenadora da equipe que fez o procedimento. O médico Rodrigo Russo também participou da operação.
Os médicos precisaram de uma hora e 40 minutos para realizar o procedimento, que se assemelha a uma laparoscopia, sendo minimamente invasivo. Eles fazem quatro pequenas incisões na barriga da mãe por onde introduzem os braços, instrumentos que lhes permitem ver o interior do útero e corrigir a formação.